Gosto do que pouca gente se dá conta. Gosto, por exemplo,
dessas pessoas que usam roupas fora de moda. Essa gente que usa a saia do verão
passado, sem, absolutamente, se importar com isso. Exalam alegria consigo
mesmas naquele vestido há muito longe das passarelas, e que coisa linda!
Gosto de ver pessoas acordando. Dá uma sensação de intimidade
deliciosa um bom dia descabelado de quem quer que seja. Gosto de ouvir música
nova, mesmo que não seja necessariamente nova: basta que eu nunca tenha ouvido.
Gosto mesmo de descobrir o inesperado. Se não gosto de
pagode, quero logo descobrir uma boa música de pagode (ao menos uma) pela qual
eu me apaixone perdidamente. Se não gosto de uma banda, vou ao show. Sempre esperando descobrir algo maravilhoso
que me faça mudar de idéia.
O mesmo eu costumo fazer com as pessoas. Sempre gostei de
ser amiga do patinho feio, e não confunda isso com piedade. É que pessoas
incompreendidas exercem um certo fascínio sobre mim. Ao contrário, pessoas que
gostam de chamar a atenção geralmente não chamam a minha. Gosto de gente
exótica pela própria natureza. Gente que acredita na gente, que aceita a gente.
Dessas pessoas que mudam de emprego, de cidade, de cabelo, de casa, de opinião... Essas pessoas desapegadas de dogmas e regras inúteis, que se apegam apenas ao que importa: valores e pessoas.
Dessas pessoas que mudam de emprego, de cidade, de cabelo, de casa, de opinião... Essas pessoas desapegadas de dogmas e regras inúteis, que se apegam apenas ao que importa: valores e pessoas.
Gosto, principalmente, da doçura. A doçura exagerada que
para muitos é irritante, comigo é tiro e queda: Caio de amores. O sarcasmo
forçado como artefato patético para chamar a atenção me faz soluçar de tanto
rir. Só gente estúpida precisa se esconder.
Gente sincera me ganha também. Aquela sinceridade sempre
conveniente de te dizer o que você precisa ouvir, sem jamais te magoar. Gente
que não precisa de pequenas mentiras para agradar. Agradar com verdades é uma
arte pra poucos, e eu gosto dos poucos.
Gosto de belezas incompreendidas, estrambóticas, que beirem
o esquisito. O belo nunca é monótono. É estranho, inconveniente, inimaginável. É aquilo que não se revela, mas espera ser descoberto.