quarta-feira, 31 de julho de 2013



Crônica do amor cotidiano


Te olho demoradamente e não consigo encontrar um só motivo para não ser a mulher mais feliz do mundo. Nossa felicidade não precisa de euforia. Está nos detalhes, em como fazemos a janta ou dormimos abraçados depois de um dia cansativo.
                Está no modo como nos programamos para ir ao show do ano, e depois descobrimos que não foi tão bom assim. Ou como vamos, de última hora, assistir a um artista que nem gostamos tanto e depois quase nos convencemos de que aquele foi o melhor show de nossas vidas. Está no modo como rimos sonoramente de casais cafonas que ainda trocam senhas, e nos lembramos, com risadinhas envergonhadas, que também já vivemos essa fase.
                É incrível como não precisamos de receita quando estamos lado a lado. Somos a receita um do outro. Somos felizes mesmo quando as contas estão atrasadas e não temos grana para viajar. Afinal, somos “gente de humanas que faz um monte de coisas que não dá dinheiro”, e somos felizes assim. Escandalosamente felizes.
                Gosto do cheiro da nossa casa. É o nosso cheiro que se fundiu. O cheiro das nossas roupas, das nossas colônias misturadas, do desinfetante que a gente escolheu. Gosto do jeito como você me olha quando quer que eu te busque algo, e sempre me divirto sozinha do jeito como eu nego e depois vou buscar. Amo o jeito como você acorda, dengoso, sonolento e meio confuso. É uma espécie de presente sentir toda a nossa energia boa logo de manhã.
                Amo a nossa plenitude sutil, os nossos feriados etílicos com amigos-irmãos e boa música pra embalar, ou os nossos domingos preguiçosos em que transbordamos de amor. Nós costumamos transbordar. Do mesmo modo, eu também amo os nossos excessos. Exagerar é bom de vez em quanto. Eu amo até as nossas despedidas, quando eu sei que você caminha para a alegria. Mesmo longe de mim, o seu sorriso me traz uma energia boa que me alimenta. Amo, sobretudo, a sua volta. Nos abraçamos demoradamente como quem corre atrás do prejuízo que a saudade causou.
                               Eu amo cada coisa que a gente compartilha. Músicas, filmes, fluidos. Tudo. A nossa vida é uma festa permanente, ora musical, ora silenciosa, ora tranqüila, ora agitada. Mas sempre uma festa.

terça-feira, 16 de julho de 2013

 

Mulher Pra Casar X Mulher Pra comer - Porque o mundo moderno não comporta esse estereótipo



Santa na rua e puta na cama: Era assim que a sua avó dizia que vc deveria ser. Então, quem poderá te repreender por considerar isso uma verdade absoluta?
A verdade é que o conceito de puta já não cabe mais, e isso não tem nada a ver com moralismo. É que os valores mudaram, e os anseios também.
A mulher dos anos vinte esperava um homem solteiro e de boa família, que tivesse uma profissão e pudesse casar-se com ela, lhe dar um nome e o sustento. Já o homem queria uma bela dama, a depender da situação nem precisava ser tão bela. Se fosse prendada e fértil estava bom. A qualidade sexual não estava em cheque. Aliás, quem falava em sexo?
O cavalheiro procurava a tal qualidade sexual (a boa e velha putaria) no cabaré, o nosso conhecido puteiro. A dama ficava em casa, bordando, sufocada pelos desejos que reprimia.
Por essas e outras eu sou grata pra caralho por ser desse século. Num tempo em que homens e mulheres não dependem um do outro pra nada além de questões sentimentais e sexuais, o que é que se busca? Eu vos explico - sem rodeios e sem pudores: O mundo moderno quer putaria.

O homem moderno quer uma puta - isso mesmo, uma puta - pra levar pro altar vestida de branco. Desculpem-me as beatas, mas mulher cheia de pudores no mundo moderno é considerada, no mínimo, bem cafona. No mundo moderno, mulher pra casar é mulher pra comer - e gostoso.
É mulher pra dividir as contas, as tarefas, as fantasias, e todo o resto. Casamento não é mais um contrato. É parceria. O mundo moderno é feito de pessoas completas - e que querem transbordar.