quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Crônica sobre um amor menos egoísta



Apenas esteja bem. Não precisa me contar sobre a sua sorte, apenas estampe no rosto um ar de tranqüilidade e sutileza.
Eu juro que não me importo com a sua distância, mas esteja onde estiver, esteja bem. Mesmo que não seja pra mim, estampe esse sorriso lindo no rosto e tenha brilho nos olhos, mesmo que, de longe, eu não possa ver.
Pode ir. Só não lamente enquanto arruma as malas. Espero que, mesmo longe da nossa cama, você durma tranqüilo. E se der, volta pra me contar que não teve mais aqueles pesadelos e que está cuidando do seu braço machucado. Diz que tem estado de melhor humor, só pra eu saber e ficar feliz também.
Não precisa mais elogiar o meu cabelo, mas continue vendo beleza na vida. Mesmo que eu não esteja ao seu lado, faça o que você gosta de fazer. Xingue vendo futebol, só pra eu saber que você ainda tem humor  nem que seja pra ver o seu time perder. Não precisa mais ler o que eu escrevo, não. Mas diz pra mim que você ainda tem vontade de acordar e correr pra a vida.
Não me abrace apertado daquele jeito, como quem precisa de um abrigo. Pode me dar um beijo distraído de quem está feliz demais pra prestar atenção em qualquer coisa que seja. Não fica perto dos nossos problemas que te roubaram o sorriso, não. Pode ir feliz e de bem com você. Eu vou estar te vendo de longe e vibrando contigo, mas eu prometo que não vou deixar você perceber.
Viaja. Conhece as coisas, as pessoas e os lugares que te farão feliz. Conhece a si mesmo e me diz que gostou do que descobriu. Porque por nada nesse mundo eu quero ver a sua tristeza de perto. Não se eu puder evitar. Eu prefiro o teu sorriso distante que a tua lágrima molhando meu ombro.
Espero que você vença essa saudade que você nem sabe do que é. Espero que o sol brilhe de novo pra você, que as borboletas invadam seu estômago de novo. Espero que você descubra novos hobbys e novos amigos, e, é claro, que alimente os antigos. Espero que amor não te falte – o meu nunca vai faltar.
Se quiser, pode voltar. Meus olhos, possivelmente, ainda serão seus, e meu coração ainda estará pronto pra te aquecer. Nosso vinho ainda estará guardado, nossa cama ainda estará feita, nossas viagens ainda estarão programadas. Eu juro que posso esperar pela sua felicidade. Mas se não quiser voltar, continua gargalhando e brindando a vida em qualquer lugar. Eu vou brindar ao seu sorriso, mas fique bem. Apenas fique bem.  

domingo, 1 de setembro de 2013

O Quanto Você Sabe do Amor



O quanto você sabe do amor não depende de quantos manuais já leu ou de quantos poetas conhece. Depende de quanta doçura cabe naqueles olhos. De quanta segurança há naquele abraço, de quanta pressa tem o seu coração em bater quando ele chega, mesmo que essa cena já tenha se repetido um milhão de vezes.
Depende da sua capacidade de enxergar a beleza por trás do rosto inchado de quem acabou de acordar, das unhas por fazer de quem não conseguiu ir à manicure. Depende de quantas vezes você sorri com uma lembrança, e do quanto imbecil se sente ao constatar que ainda se lembra da roupa que vestia no primeiro encontro.
Depende de quantas vezes você já desistiu. Amar é, muitas vezes, desistir. Desistir de cobrar, desistir de magoar, desistir de insistir. O quanto você sabe do amor não depende de quantos significados você já decorou – ele tem um significado que é só seu. Depende de quantos finais de semana, em casa, já foram os melhores de todos. De quantas vezes você se surpreendeu. E riu, e chorou, e enlouqueceu, e partiu, mas sempre voltou. Depende de quantas vezes você já se apaixonou pelo mesmo sorriso, pela mesma voz cansada ao telefone, pelo mesmo abraço noturno, pela mesma mão carinhosa.
O saber do amor não depende da arrogância do conhecer, não depende de sabedoria ou sapiência. Depende de quantas vezes você já se identificou com todas as canções de amor do universo. É que quando se ama, tudo faz todo o sentido.
Depende do quanto você se sente livre e seguro ao mesmo tempo. Do quanto você vive o amor e planta o amor – depende, pura e simplesmente, do quanto você sabe amar, por mais cafona que isso pareça.