quinta-feira, 9 de maio de 2013

Um Parêntese Sobre a Carência



Você chega sem nenhuma palavra, e eu me calo diante da vontade quase irresistível de contar cada detalhe do meu dia. Te dizer que outra vez eu trabalhei demais e que alguém gritou comigo no trânsito, esperando um afago doce pra compensar o stress que começou às 6 a.m.

Você se deita despretencioso e procura um canal interessante, e o mais interessante pra mim é aquele seu jeito de ficar imóvel numa posição confortável. Te faço um carinho quase involuntário esperando, em troca, o abraço mais forte do mundo, tão forte que me sufoque. Pois é, eu ainda não larguei dessa mania estranha de sempre esperar por você.

Num dia comum eu procuro intensidade, você me conhece, eu sou intensa demais e não funciono com quases.Um quase abraço me angustia e um quase sorriso me deixa uma sensação estranha de vazio e de ausência. É clichê, eu sei.

Viro de lado e em vez de dormir tranquila, fico pensando nesse meu jeito dramático e em porquê eu não consigo ver as coisas com simplicidade. É que ser simples não é o ponto forte de alguém que escreve crônicas melosas numa manhã de quinta, e eu sou brega como todo poeta.

De novo você vai embora, e no fundo eu entendo que é preciso, mas aquela vontade louca de te pedir pra ficar quase chega a incomodar.É que eu gosto mesmo daquele amor meloso e cafona que o chico canta. Mas, você sabe, amor não se pede.

4 comentários:

  1. Você fez esse texto pra mim?! Assim... só pra saber! Adorei, você escreve muito bem!!!

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  2. Ao conhecer mais a fundo as imperfeições do outro é que nos deparamos com as dúvidas ou crises. Será que devo me desfazer dessa relação e procurar alguém que seja do jeito que eu quero, idealizo, ou aceitar as imperfeições, que são comuns a todos? Compreender e conviver ou mudar? Às vezes queremos tanto que o outro mude e não mudamos a nós mesmos. E aí ficamos nessa incessante busca do parceiro ideal, do príncipe, do marquês, amante... Por que não buscar a realização do amor? E por que não buscarmos isso dentro de nós mesmos? É claro que, às vezes, queremos um afago exatamente naquele dia e naquela hora, mas quantas outras vezes recebemos isso e não demos importância? Quantas vezes o outro queria e não fizemos? Também tenho uma tendência em ser dramática e, em meio a esses quadros de novela mexicana percebi que muito da minha angústia parte de mim e das projeções que faço para os próximos capítulos. Enfim, acho que amar é por aí mesmo...gostar do outro em sua completude e achar interessante "seu jeito de ficar imóvel numa posição confortável".

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  3. Obrigada pela bela complementação, Indira! Penso exatamente assim. Algumas pessoas buscam no outro o que só conseguiriam encontrar nelas mesmas, e acabam vivendo em um mar de decepções. Acho que nunca existirão pessoas boas o suficiente, mas uma relação boa o suficiente é a gnt que faz! :)

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